Rajiformes

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaRajiformes
Ocorrência: Pliensbaquiano-Recente
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Infrafilo: Gnathostomata
Classe: Elasmobranchii
Subclasse: Neoselachii
Infraclasse: Batoidea
Ordem: Rajiformes
Berg, 1940

Rajiformes é uma das quatro ordens da infraclasse Batoidea, peixes cartilagíneos achatados relacionados com os tubarões. Os rajiformes distinguem-se pela presença de barbatanas peitorais muito alargadas, que se estendem até aos lados da cabeça, com um corpo geralmente achatado. O movimento ondulatório da barbatana peitoral característico deste taxon é conhecido como locomoção rajiforme. Os olhos e espiráculos estão localizados na superfície dorsal da cabeça e as fendas branquiais estão no lado ventral do corpo. A maioria das espécies é vivípara, embora algumas ponham ovos encerrados em cápsulas coriáceas com filamentos longos nos cantos ("bolsas de sereia").

Características[editar | editar código-fonte]

Os Rajiformes normalmente têm um corpo achatado dorsoventralmente. O focinho é delgado e pontiagudo e a boca larga, muitas vezes coberta por uma aba nasal carnuda, fica na parte inferior da cabeça. Os olhos e espiráculos bem desenvolvidos estão localizados no topo da cabeça. Na maioria das espécies, os espiráculos são grandes e são o principal meio de captação de água para a respiração. Não possuem membrana nictitante e a córnea é contínua, com a pele envolvendo os olhos. As fendas branquiais estão na zona ventral, logo atrás da cabeça. As poucas vértebras anteriores são fundidas como cartilagem sinarcual cérvico-torácica, e esta articula-se com os ossos da cintura peitoral ou funde-se a eles, com as supraescápulas unindo-se acima da coluna vertebral.[1] A maioria das espécies tem dentículos dérmicos de maiores dimensões, semelhantes a espinhos, geralmente com uma fileira de dentículos grandes ao longo da coluna vertebral.[2]

As barbatanas peitorais são grandes, mas não claramente demarcadas do corpo, e juntamente com este denominam-se disco. Começam na lateral da cabeça em frente às fendas branquiais e terminam no pedúnculo caudal. Existem até duas barbatanas dorsais, mas nenhuma barbatana anal. Uma cauda delgada é claramente demarcada do disco. A barbatana caudal varia em tamanho entre as espécies e os ratões têm cauda em forma de chicote sem barbatana caudal.[2]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

Espécies da ordem Rajiformes são encontradas em todos os oceanos do mundo, do Oceano Ártico ao Oceano Antártico, e desde plataformas costeiras pouco profundas até mares abertos e regiões abissais. Algumas habitam em rios e outras em estuários, mas a maioria é marinha, vivendo perto do fundo a profundidades de 3000 metros ou mais.[2]

Diversidade[editar | editar código-fonte]

Famílias[editar | editar código-fonte]

Quatro famílias existentes e cinco extintas de Rajiformes foram descritas:[3][4][5]

Anteriormente, alguns Rhinopristiformes também estavam incluídos.

Os Anacanthobatidae incluem um único género, Anacanthobatis, com cerca de 10 espécies. São pequenos peixes que vivem no talude continental de águas tropicais e subtropicais e são nativos de Natal, África do Sul, África Ocidental tropical e Taiwan. As espécies desta família têm um filamento que se estende a partir de uma protuberância arredondada no focinho. Ambas as superfícies dorsal e ventral são lisas e não possuem dentículos dérmicos. A cauda é delgada e um pouco mais curta que o corpo. Não há barbatanas dorsais e a barbatana caudal é pequena e membranosa.[6]

Raja texana

A família Rajidae contém 14 géneros e cerca de 200 espécies. Distribui-se por todo o mundo, mas é relativamente incomum perto de recifes de coral e em mares tropicais pouco profundos. Algumas espécies ocorrem em água salobra. O formato do disco é romboidal e a cauda longa. Possuem duas barbatanas dorsais e a barbatana caudal é muito reduzida. As barbatanas pélvicas possuem dois lóbulos. A maioria das espécies tem pele áspera com dentículos dérmicos que são especialmente evidentes ao longo da coluna vertebral. Os ovos são cápsulas rígidas coriáceas com filamentos alongados nos quatro cantos.[7]

As extintas famílias Sclerorhynchidae e Ptychotrygonidae tinham rostros longos e serrilhados muito semelhantes aos dos tubarões-serra e peixes-serra existentes, e sua relação com eles tem sido debatida. Um estudo de 2004 descobriu que os tubarões-serra são, na verdade, os mais basais dos batóides, com a ordem Sclerorhynchiformes contendo Sclerorhynchidae e Ischyrhizidae e formando um grupo irmão do peixe-serra e de todas as outras raias, com o clado contendo tubarões-serra e raias sendo denominado Pristiorajea.[8][9] No entanto, estudos posteriores afirmaram que os tubarões-serra são verdadeiros tubarões e membros do Selachimorpha. Mais tarde, estudos descobriram que os Sclerorhynchiformes formavam um grupo irmão de Rajidae e, assim, o reclassificaram na subordem Sclerorhynchoidei da ordem Rajiformes.[5][10][11][12]

Biologia[editar | editar código-fonte]

As raias têm um órgão elétrico na cauda. Usam-no para gerar um campo elétrico fraco para localizar as suas presas. [13]

Na maioria dos Rajiformes, a água para respirar é aspirada pelos espiráculos, e não pela boca, e sai pelas fendas branquiais. A maioria das espécies nada ondulando suas barbatanas peitorais alargadas, mas as raias-viola impulsionam-se na água com movimentos laterais da cauda e da barbatana caudal. A maioria das espécies são carnívoras, alimentando-se de moluscos e outros invertebrados do fundo do mar, e pequenos peixes, mas as mantas alimentam-se de plâncton filtrado da água enquanto nadam com a boca bem aberta. Algumas espécies são vivíparas, outras ovovivíparas, e outras põem ovos coriáceos com longos filamentos nos cantos, conhecidos como bolsas de sereia. A maioria das espécies são bentónicas, repousando no fundo arenoso ou vasoso, por vezes ondulando as barbatanas peitorais para agitar o sedimento e enterrar-se superficialmente. Outras, como as mantas, são pelágicas e navegam continuamente no oceano.[2]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Johanson, Zerina; Trinajstic, Kate; Carr, Robert; Ritchie, Alex (2013). «Evolution and development of the synarcual in early vertebrates». Zoomorphology. 132 (1): 95–110. doi:10.1007/s00435-012-0169-9 
  2. a b c d Martin, R. Aidan. «Batoids: Order Rajiformes». ReefQuest Centre for Shark Research. Consultado em 1 de setembro de 2013 
  3. «Rajiformes». World Register of Marine Species 
  4. Last; White; de Carvalho; Séret; Stehmann; Naylor, eds. (2016). Rays of the World. [S.l.]: CSIRO. ISBN 9780643109148 
  5. a b Greenfield, Tyler (28 de setembro de 2021). «Corrections to the nomenclature of sawskates (Rajiformes, Sclerorhynchoidei)». Bionomina (em inglês). 22 (1): 39–41–39–41. ISSN 1179-7657. doi:10.11646/bionomina.22.1.3 
  6. «Family Anacanthobatidae - Smooth skates». FishBase. Froese, Rainer; Pauly, Daniel (eds.). 2011. Consultado em 15 de agosto de 2013 
  7. «Family Rajidae - Skates». FishBase. Froese, Rainer; Pauly, Daniel (eds.). 2011. Consultado em 15 de agosto de 2013 
  8. Kriwet, Jürgen (2004). «The systematic position of the Cretaceous sclerorhynchid sawfishes (Elasmobranchii, Pristiorajea)». Mesozoic Fishes 3: Systematics, Paleoenvironment and Biodiversity 
  9. Watson, Joshua (13 de outubro de 2019). «Infraclass Euselachii sharks and rays and related fossils - Fishes». gibell Aquarium Society (em inglês). Consultado em 17 de outubro de 2020 
  10. Villalobos-Segura, Eduardo; Underwood, Charlie J.; Ward, David J. (2021). «The first skeletal record of the enigmatic Cretaceous sawfish genus Ptychotrygon (Chondrichthyes, Batoidea) from the Turonian of Morocco». Papers in Palaeontology (em inglês). 7: 353–376. ISSN 2056-2802. doi:10.1002/spp2.1287 
  11. Villalobos-Segura, Eduardo; Underwood, Charlie J.; Ward, David J.; Claeson, Kerin M. (2 de novembro de 2019). «The first three-dimensional fossils of Cretaceous sclerorhynchid sawfish: Asflapristis cristadentis gen. et sp. nov., and implications for the phylogenetic relations of the Sclerorhynchoidei (Chondrichthyes)». Journal of Systematic Palaeontology. 17 (21): 1847–1870. ISSN 1477-2019. doi:10.1080/14772019.2019.1578832 
  12. Villalobos-Segura, Eduardo; Kriwet, Jürgen; Vullo, Romain; Stumpf, Sebastian; Ward, David J; Underwood, Charlie J (1 de fevereiro de 2021). «The skeletal remains of the euryhaline sclerorhynchoid †Onchopristis (Elasmobranchii) from the 'Mid'-Cretaceous and their palaeontological implications». Zoological Journal of the Linnean Society. 193 (2): 746–771. ISSN 0024-4082. doi:10.1093/zoolinnean/zlaa166 
  13. Bullock, T. H.; Bodznick, D. A.; Northcutt, R. G. (1983). «The phylogenetic distribution of electroreception: Evidence for convergent evolution of a primitive vertebrate sense modality» (PDF). Brain Research Reviews. 6 (1): 25–46. PMID 6616267. doi:10.1016/0165-0173(83)90003-6